25.6.08

Download: Os Homens da Torre

Ainda curtindo a boa fase e atendendo a algumas pessoas que cobraram com surpreendente sinceridade, eis aqui o conto "Os Homens da Torre" para download em formato pdf. Sei que todo mundo sabe disso, mas não custa lembrar: para ler você tem que ter o Adobe Acrobat Reader instalado em seu computador, ok? Ok.

Clica aqui e passa a régua.

21.6.08

Pergunte ao capeta


Pérolas de sabedoria retiradas de O Dicionário do Diabo, do jornalista, escritor e cínico em tempo integral Ambrose Bierce (1842 - ??).

Acusar verbo trans. dir. Afirmar a culpa ou ignomínia de um outro, geralmente para justificar a nós mesmos que cometemos uma injustiça com ele.

Advogado subst. masc. Um especialista em desvios da lei.

Amor subst. masc. Loucura temporária, curável mediante o casamento ou a remoção do paciente do âmbito das influências causadoras da perturbação. Esta moléstia, à semelhança da cárie e doutros males, só prevalece entre raças civilizadas que vivem em condições artificiais; as nações bárbaras, respirando ar puro e comendo alimentos simples, gozam de imunidade dos seus estragos. Doença às vezes fatal, mas freqüentemente ao médico do que ao doente.

Ano subst. masc. Um conjunto de trezentos e sessenta e cinco decepções.

Assassinar verbo trans. dir. Criar uma vaga sem nomear um sucessor para ela.

Criminoso subst. masc. Alguém com mais iniciativa do que discrição, que aproveitou uma oportunidade e infelizmente se apaixonou por ela.

Delito subst. masc. Uma violação da lei de categoria inferior a um crime e que não dá direito a ser aceito na distinta sociedade dos criminosos.

Favor subst. masc. Breve prólogo para dez volumes de cobrança.

Guilhotina subst. fem. Um aparelho que faz com que um francês dê de ombros por um bom motivo.

Homicídio subst. masc. O assassinato de uma pessoa cometido por outra. Há quatro tipos de homicídio: culposo, desculpável, justificado e louvável. No entanto, para o assassinado não interessa absolutamente o tipo de que foi vítima - a classificação só é de utilidade para os juristas.

Imunidade subst. fem. Juridicamente: riqueza.

Juramento subst. masc. Em direito: a apelação solene a um ser divino, que prevê para a consciência uma pena em caso de perjúrio.

Justiça subst. fem. Uma mercadoria que o Estado vende ao cidadão numa condição mais ou menos adulterada como recompensa por sua fidelidade, seus impostos e seus serviços prestados.

Ladrão subst. masc. Um comerciante sincero.

Lógica subst. fem. A arte de pensar e raciocinar estritamente de acordo com as limitações e incapacidades da falta de entendimento do ser humano.

Narcótico subst. masc. Uma porta destrancada na prisão da identidade. Ela conduz ao pátio da prisão.

Polícia subst. fem. Uma tropa armada para proteger e para tomar parte.

Suspeitar verbo trans. dir. Atribuir a outrem delitos que você mesmo não foi levado a cometer porque não teve oportunidade.

16.6.08

Hoje é dia de Bloom, Leopold Bloom

O mais longo dos dias

Intelectuais, acadêmicos e aficionados pela literatura preparam-se para celebrar o Bloomsday, dia dedicado à vida e obra do irlandês James Joyce.

*Publicado no jornal Nasemana em 14/06/2008.

O dia 16 de junho tem destaque especial no calendário de intelectuais, pesquisadores e aficionados por literatura. A data foi escolhida pelo escritor irlandês James Joyce para situar a ação de seu romance épico Ulisses, considerado por muitos como um dos mais importantes do século XX. Publicado originalmente em 1922, o livro acompanha as desventuras do personagem Leopold Bloom pelas ruas da capital irlandesa Dublin, durante o decorrer do 16 de junho de 1904, numa alegoria moderna à Odisséia, de Homero. Ao longo dos anos, a data passou a ser conhecida como Bloomsday (ou “Dia de Bloom”, em referência ao nome do personagem principal) e inspira homenagens à Joyce e sua obra em todo o mundo.

O primeiro Bloomsday foi comemorado de forma despretensiosa, dois anos após o lançamento do livro, por iniciativa de alguns amigos do escritor, então enfrentando dificuldades financeiras e sérios problemas de saúde. A partir de 1954, a festa passou a ser regular em Dublin e atualmente corresponde a uma das principais datas comemorativas do país, tornando Ulisses o único livro além da Bíblia a possuir um feriado em sua homenagem. No Brasil, as primeiras comemorações apareceram na década de 80 em São Paulo, por iniciativa dos poetas concretistas. Hoje, a data já está integrada à vida cultural de várias capitais brasileiras, sendo realizada simultaneamente em bares, livrarias e teatros. Em Natal, a festa existe desde 1989 e se ainda não saiu do ambiente acadêmico, vem atraindo cada vez mais interessados.

O Bloomsday natalense nasceu graças aos esforços do professor Francisco Ivan da Silva, do Departamento de Letras da UFRN. Estudioso apaixonado da obra de James Joyce desde meados da década de 80, época em que leu Ulisses pela primeira vez em seu idioma original, Ivan reconhece que no início teve receio em relação ao sucesso da empreitada. “A idéia de realizar o Bloomsday em Natal veio de uma necessidade que eu tinha de comunicar minha leitura, de uma história pessoal minha aliada à vontade de realizar na cidade um evento que é comemorado no mundo inteiro”, conta. “Havia um temor, como é natural em tudo que é novo, mas também pela magnitude da obra de Joyce. Era uma responsabilidade tremenda”, confessa. O nervosismo foi logo dissipado depois da repercussão alcançada pelo evento, que estreou no hoje extinto Espaço Cultural Babilônia, em Ponta Negra, e atraiu estudantes universitários, jornalistas, acadêmicos e aficionados por James Joyce e pela literatura em geral.

Desde então, o Bloomsday em Natal só vem ganhando forças. Desde 1997, o evento conta com o apoio do Núcleo de Arte e Cultura da UFRN, o que garante a sua realização dentro das dependências do Campus Universitário. Recentemente, recebeu o reconhecimento da Embaixada da Irlanda no Brasil e da Associação Brasileira de Estudos Irlandeses, contato que garantiu a doação de 500 livros da literatura irlandesa para a Biblioteca Central da UFRN. Estudiosos e especialistas na obra joyceana de todas as partes do país já participaram do evento, que em sua trajetória conta com alguns momentos memoráveis. Francisco Ivan ainda guarda viva na memória a lembrança de uma leitura inusitada do monólogo final do livro, que encerra a saga na voz da personagem Molly Bloom, feita na primeira edição do Bloomsday em Natal. “No primeiro Bloomsday que fizemos, o professor Waldson Pinheiro leu uma versão em esperanto do monólogo final, que ele mesmo traduziu. Uma coisa belíssima, inesquecível”, recorda, citando outras participações ilustres como o escritor potiguar Eulício Farias de Lacerda e a especialista em línguas modernas da USP, Mônica Meltran.

Identidade universal

Mesmo as vésperas de completar vinte anos de realização ininterrupta, a celebração do Bloomsday em Natal encontra resistência de alguns formadores de opinião da cidade, que questionam a relevância de uma celebração em torno de um escritor europeu em detrimento dos autores locais. Sem desprezar a qualidade da literatura potiguar, Francisco Ivan justifica a existência e importância do Bloomsday em Natal por meio da universalidade da obra de Joyce. “Ler Ulisses é estar no centro de Dublin. E estar no centro de Dublin equivale a estar no centro de qualquer cidade do mundo, inclusive Natal. A ação no livro é muito simples, trata da vida diária, do cotidiano provinciano. São situações que poderiam acontecer em qualquer parte do mundo. A universalidade da literatura acaba com qualquer regionalismo”, dispara. “Não desprezo os autores locais, mas me proponho a apresentar a diferença. A intenção não é negar os escritores potiguares, mas sim elevá-los, colocá-los em contato com o outro. A identidade se traduz pela diferença”.

Para o bibliófilo João da Mata Costa, participante ativo do Bloomsday natalense desde a primeira edição, o evento vem firmando sua importância junto ao público natalense interessado em literatura a cada ano. “O Bloomsday está ganhando a cidade. Ano após ano, percebo que um aumento nas discussões e comentários a respeito do evento”, avalia. “O público tem se mostrado cada vez mais interessado, principalmente devido aos palestrantes convidados”, aponta.

E esse ano, o interesse do público deve aumentar. Para fechar o evento, foi convidado o poeta, tradutor e ensaísta Décio Pignatari que ministrará a palestra “Bloomsday/Doomsday: O Dia do Juízo Final de James Joyce”, no auditório da Biblioteca Central Zila Mamede. A programação do evento inclui ainda exibição de vídeos, recitais e uma exposição de cartazes, edições raras e outros objetos referentes à vida e obra de James Joyce.


Programação Bloomsday – 2008

Segunda-feira – 16/06

Biblioteca Central Zila Mamede, Campus Universitário - UFRN.

10h - Exposição com objetos referentes à vida e obra de James Joyce;

15h - Exibição do vídeo “O Retrato do Artista”, realizado por Jota Medeiros e Justino Melo; Exibição do filme “Bloom – Toda uma vida em um único dia” (dir. Sean Walsh, 2003);

19h30: Conferência: “Bloomsday/Doomsday: o Dia do Juízo Final de James Joyce”, com o Prof. Dr. Décio Pignatari;

20h40: Lançamento dos livros Thalassa, de Francisco Ivan; e Antologia Poética de Tradutores Norte-Riograndeses, de Nelson Patriota; edição especial da Revista Bando, em homenagem à Nísia Floresta.

14.6.08

Coletâneas do peru

Quem deu a dica foi Hugo Morais, chapa gonzo e companheiro regular de copo. O pessoal da Poplist, uma lista de discussão sobre música, cultura pop e o escambau, colocou para download uma série de coletâneas com propósito tão bacana quanto ambicioso: mapear a história da música pop dos seus primórdios até os nefastos dias atuais.

Ao todo, são 39 disquinhos virtuais divididos por décadas e seus respectivos anos-chave. A contagem começa na década de 30, com o genuíno blues do delta do Mississipi e pára o relógio em 2007 com... uns troços aí.

Entre alguns equívocos medonhos e nomes que só se justificam por conta da importância "histórica", dá pra achar muita coisa boa, sobretudo nos volumes referentes às décadas de 60, 70 e 90. A década de 80, o bom senso manda evitar.

Se farte aqui.


9.6.08

Só pra contrariar

Eis que quando havíamos perdido a fé em Dave Grohl, o homem saca da cartola um punhado de amigos influentes só pra impressionar e calar a boca do jornalista desocupado.

A notícia abaixo saiu ontem (8) no portal G1. Vejam só:

Jimmy Page e John Paul Jones tocam de surpresa com Foo Fighters em Londres
Da France Press/ G1

Jimmy Page e John Paul Jones, dois membros da lendária banda de rock britânica Led Zeppelin, protagonizaram uma aparição surpresa em um show dos americanos do Foo Fighters no estádio londrino de Wembley no sábado (7).

O guitarrista Page e o baixista Jones se juntaram a banda de Dave Grohl - que foi baterista do Nirvana - na fase de bis, tocando temas clássicos do Led Zeppelin, "Rock 'n' Roll" e "Ramble On", para 86.000 pessoas, explicou a revista britânica NME em sua edição eletrônica.


P.S.:Sem comentários, a propósito. Mas gostaríamos de verdade de ter visto esse show.

6.6.08

Bolachas Fundamentais # 2: Foo Fighters (1995)

Ás vezes chega um momento na vida de todo sujeito que tem um mínimo de dependência pelo ato de ouvir e consumir música, em que ele olha para aquele monte de discos amontoados na prateleira e se põe a cascaviar jóias antigas que há muito não passam pelo play do toca-cd ou pela agulha da vitrola. Normalmente, essa busca pelos discos esquecidos pelo tempo e pela memória afetiva vem quando o fim do mês aperta e o referido cidadão não tem grana para continuar alimentando o monstro cefalópode que se tornou sua coleção de discos (meu caso nesses dias). Mas nem com todo o caráter emergencial da situação deixa-se de redescobrir coisas que você sequer lembrava de ter conhecido um dia.

Pois cascaviava eu com muita displicência pelos meus discos, quando dou de cara com o primeiro álbum dos Foo Fighters. Lançado no longínquo ano de 1995, a bolachinha com a pistola na capa entrou para a minha coleção ali por volta de 2000, quando o velho sebo de Ari, na Avenida Floriano Peixoto, era parada obrigatória pelo menos uma vez por semana após a escola. Não me lembro ao certo, mas tenho certeza que não paguei mais de dez pilas pelo CD, que ainda tá zero-bala. Bons tempos.

Eis que os primeiros acordes de “This Is a Call”, me jogam fora do transe nostálgico. De dentro dos falantes, Dave Grohl, pouco tempo depois da morte de Kurt Cobain, pilota guitarra, baixo e bateria com propriedade e não demonstra qualquer traço de insegurança nos vocais. Não fosse a ascensão, apogeu e queda de sua ex-banda uma notícia tão recente na época, nada indica que este é um disco feito por um sujeito que pouco tempo atrás era “só” um baterista e nunca tivera sua voz gravada em primeiro plano.

Ouvindo faixas de tratamento tão despretensioso e com jeitão de fita demo como “Floaty”, “Wattershed”, “Weenie Beenie” ou os hits alternativos “I’ll Stick Around” e “Big Me”, fica difícil imaginar que a banda viraria o que é hoje. Acredite se quiser: antes de se transformar nessa máquina de riffs angulosos e refrões de choro pronto, perfeita para embalar a tarde do adolescente que levou bomba em matemática e perdeu a namorada, Dave Grohl era só um cara que queria tocar rock com os amigos. Para a turnê do disco, o jeito foi juntar companhias meio suspeitas como Pat Smear (guitarra, ex-Germs que também fez parte do Nirvana já na fase terminal); William Goldsmith (bateria, ex-Sunny Day Real State) e Nate Mendel (baixo, também recrutado das fileiras do Sunny Day Real State e único que permanece na banda até hoje). Grohl, numa palhetada só, deu vazão a seus anseios pós-adolescentes e de quebra ainda botou na praça um dos discos mais legais de uma das melhores bandas dos anos 90.

Mais pra frente, viria o pesado The Colour and the Shape e o equilíbrio perfeito entre barulho e melodia em There’s Nothing Left to Lose (considerado por muitos como a obra-prima da banda), fechando a trinca que compõe a melhor fatia da discografia dos Foos. Depois, a banda foi gradativamente perdendo força e relevância até fincar a pedra base da lápide de qualquer banda de rock que se preze: um disco acústico. E um dueto com Norah Jones. Mas aí já são outros quinhentos.

Baixe Foo Fighters aqui.

Finalmente, uma banda que não dava a mínima para o visual.

4.6.08

Filme sobre Arnaldo Baptista na agulha

Deu ontem (3) no JB Online. O documentário "Lóki?", sobre o mutante Arnaldo Baptista já está em fase de finalização e deve estrear mês que vem.

Segundo conta o diretor Paulo Henrique Fontenelle na matéria do JB, o material reunido já soma três horas de duração. Como o filme vai ser veiculado no Canal Brasil, os produtores estudam agora a possibilidade de fracionar o material em formato de série.

No filme, imagens raras como uma apresentação dos Mutantes ao lado dos Novos Baianos, nos idos de 1969 e um clipe apresentado no Fantástico (!) de "Será que eu vou virar bolor?", faixa que abre Lóki?, primeiro e melhor álbum solo de Baptista.

A matéria completa, assinada por Ricardo Schott, você confere aqui.

E falando em Arnaldo Baptista, o jornalista Adilson Pereira, escreveu em seu blog um artigo sobre o livro do homem, Rebelde entre os rebeldes. Essa manga tu chupa aqui.