26.2.08

Festival DoSol: primeiras confirmações

O site do DoSol soltou nesta semana alguns nomes confirmados para tocar no Festival DoSol deste ano, que rola entre os dias 07 e 08 de junho. Se liguem na escalação:

Móveis Coloniais de Acajú (DF)
MQN (GO)
Mukeka Di Rato (ES)
Ak-47 (RN)
Brand New Hate (RN)

Claustrofobia (SP)
Black Drawling Chalks (GO)
Star 61 (PB)
Barbiekill (RN)
Gandi (RN)
Expose Your Hate (RN)
The Sinks (RN)
Calistoga (RN)


Notaram o nome em negrito né? Pois bem. Se você ainda não ouviu o Black Drawing Chalks, sugiro que vá atrás. Big Deal, primeiro álbum dos caras, lançado pela Monstro Discos no final do ano passado é uma das melhores, mais bem gravadas e - porra! - PESADOS discos gravados no Brasil nos últimos anos. Pra quem gosta de Black Sabbath, Queens of the Stone Age, Monster Magnet e afins, é um prato cheio.

Dêem uma sacada no myspace dos caras e veja se estou brincando.

Gostaria de deixar registrado desde já que confirmação deles para vir tocar em Natal, por mim, já pagou o festival. Acreditem no hype do capeta.


Definitivamente, não são mais uns rostinhos bonitos no rock nacional.


23.2.08

Sessão Maldita # 2 : A Mosca (1986)

A Sessão Maldita da Tapiocaria exibe neste domingo (24/02, vulgo AMANHÃ), o clássico da ficção científica A Mosca, de David Cronenberg.

Como os malassombrados mais informados já sabem, as exibições rolam na Tapiocaria do Shopping de Artesanato Potiguar, ao lado do Praia Shopping.

O filme começa por volta das 17h30 e a cerveja já está geladíssima esperando a horda de bêbados sendentos e sanguinários que aparecer por lá.



Sessão Maldita da Tapiocaria # 2: A Mosca
Dirigido por David Cronenberg
Roteiro de David Cronenberg, George Langelaan, Charçes Edward Pogue
Estrelando Jeff Goldblum, Geena Davis, John Getz
Trilha sonora de Howard Shore
Domingo - 24/02 Tapiocaria do Shopping do Artesanato Potiguar Á partir das 17h30 Consumação mínima no bar R$ 2
Outras informações acesse: www.sessaomaldita.blogspot.com

P.S.: A Sessão desta semana foi antecipada para podermos sincronizar nosso calendário de modo a alternar os domingos com as exibições do Cineclube Natal. Depois desta exibição, a Sessão Maldita passa a ser quinzenal.


Apareçam!

20.2.08

Da série grandes decepções de 2008...

I'm Not There:
A Canção Permanece a Mesma

Antes de prosseguirmos, é preciso que fique claro uma coisa: não basta gostar de Bob Dylan para poder assistir e entender I’m Not There, a entortada cine-biografia do homem assinada por Todd Haynes. Mais necessário do que saber cantar junto as canções é conhecer as histórias e personagens por trás delas, as circunstancias em que foram escritas e onde elas se encaixam na vida do compositor e no cenário histórico da cultura pop. Se você não dispõe dessa bagagem, não perca seu tempo vendo o filme. Vá ler um livro ou navegar no orkut que você ganha mais. Se ainda assim insistir, estará condenado a passar duas horas aborrecidas tentando entender um filme confuso, sem sombra de narrativa linear e repleto de signos e diálogos que vão te levar do nada a lugar nenhum.

Para vocês obcecados por Dylan que permaneceram na sala depois que as luzes se apagaram, tenho uma boa notícia. O filme foi feito para vocês, malditos pervertidos. Praticamente em cada frame, em cada diálogo, em cada figurino – pelo amor de Deus! – há uma referência e/ou piada interna para quem estar a par do mundinho que Robert Zimmerman inventou para si.

Os biógrafos e chatos de plantão, portanto, não têm do que reclamar. Está tudo lá – desde a visita ao moribundo Woody Guthrie no início dos anos 60, passando pelo até hoje mal explicado episódio de bastidores envolvendo Pete Seeger e um machado no Festival de Newport, até sua relação conturbada e um tanto sacana com Joan Baez. Tudo filmado num ritmo videoclíptico de encher os olhos dos fãs que já encomendaram a (ótima) trilha sonora via E-bay.

Porém, não crie tantas expectativas. Apesar de todos os motivos citados no parágrafo anterior e da atuação matadora de Cate Blanchett – acreditem, a mulher É Bob Dylan - I’m Not There é um filme pura e simplesmente... Bom. Passa longe da pujança e da “investigação do mito” que vem sendo alardeada pela crítica.

Grosso modo, o filme é nada mais que seis estorinhas malacas que não se resolvem nem mantêm qualquer relação sólida entre si, mas remetem aqui e ali a episódios da vida de Dylan. E dentre essas, duas são puro exercício de estilo: o bizarro interrogatório ao qual o personagem de Ben Wishaw é submetido e o faroeste delirante no qual encaixaram Richard Gere não trepam nem saem de cima, apesar de serem visual e textualmente agradáveis.


A sensação que fica ao subirem os créditos finais na tela é que faltou aquela visão ousada e provocadora que fez o nome de Todd Haynes em trabalhos anteriores. Em Velvet Goldmine, mesmo sob ameaça dos advogados de David Bowie, o diretor incluiu cenas que sugeriam uma amizade mais colorida entre o camaleão inglês e Iggy Pop. Em seu longa de estréia, Superstar, focado na vida e morte de Karen Carpenter, a provocação já vinha a partir do elenco, todo composto por bonecas Barbie.

[[[Cate Blanchett = Bob Dylan. Sério. ]]]

Em I’m Not There, pois, Haynes tinha a sua disposição um dos mais misteriosos personagens da história do rock’n roll, com áreas escuras suficientes em sua carreira para um diretor de mente perturbada e com colhões suficientes se fartar. Só que antes de ser um “nome”, Dylan é uma instituição, um monolito americano. E isso parece ter intimidado Haynes.

Embora a audácia ainda esteja lá – afinal, colocar seis atores diferentes para interpretar o cantor, incluindo uma mulher e uma criança negra, foi “a” sacada – o diretor se limita a exibir um quebra-cabeça encaixadinho de tudo o que os fãs (a quem, repito, o filme é destinado) já estão cansados de saber sobre o homem. As tais áreas obscuras que poderiam render um excelente caldo se melhor iluminadas também recebem o mesmo tratamento plano.

O filé poderia estar, por exemplo, na “fase cristã”, um dos períodos menos explorados e mais controversos da extensa biografia de Dylan - provavelmente devido aos esforços do próprio que não deve se orgulhar muito das coisas que fez no período. E que tal os anos de reclusão em Woodstock, quando o cantor sofreu um misterioso acidente de moto que o deixou fora dos palcos por dois anos, os quais passou escrevendo compulsivamente e comandando longas jams sessions com a The Band no porão da Big Pink, enquanto seu casamento ia pras cucuias?

Pois bem. Da primeira situação, Haynes faz uma homenagem/macaquito de No Direction Home, de superfície tão plana quanto uma tábua de passar; a segunda fica resumido a um bate-boca besta e uma cena de sexo entre Heath Ledger e Charlotte Gainsbourg. Trocando em miúdos, o provocador Haynes afinou e tratou de evitar cuidadosamente assuntos mais polêmicos para não desagradar - leia "despertar a ira jurídica" - do biografado.

Claro que a pretensão de I’m Not There não é ser uma biografia historicamente acurada de Bob Dylan, tampouco revelar ao público aspectos nunca antes conhecidos sobre a vida do cantor. Mas a “inspiração” para o filme bem que poderia ter vindo de fontes menos burocráticas e, vale salientar, não dissecadas com precisão cirúrgica por Scorsese em No Direction Home.

O resultado final agrada e diverte, mas não chega a descabelar os fãs mais astutos. Seria de se esperar que um macaco velho como Haynes atinasse para o fato de que as mesmas pessoas que vão saltar da cadeira nas primeiras referências jogadas na tela eventualmente vão se dar conta de que já conhecem essa cantiga de trás pra frente. E, como esse é pré-requisito para se compreender o filme, o diretor termina por acertar um belo dum tiro no dedão do pé.

Sem problemas. A vida de Dylan, de fato, daria uns seis filmes diferentes ou mais. Ao querer fazer todos de uma vez só, Haynes acabou saindo com um filme bem bacana, mas sem muita ousadia, tampouco dotado dos ares de obra prima que vêm sendo cantados por aí. Como ode ao bardo americano e sua trajetória genialmente contraditória, é perfeito. Como cinema, tem um punhado perigoso de falhas. Assista de olhos abertos e pés no chão, pois.

Até.

14.2.08

Domingo sangrento (projeto Canalha # 01)



Vocês que estão aí, nas portas da loucura, procurando algo para salvar o seu moribundo domingo a tarde, não se preocupem mais: trago-lhes a solução!


A Sessão Maldita da Tapiocaria sai das catacumbas com o intuito de unir o melhor do cinema estranho com a sagrada cerveja geladíssima que só um bar dos bons pode oferecer.


As sessões vão rolar na Tapiocaria do Shopping do Artesanato Potiguar - ao lado do Praia Shopping -, sempre aos domingos, uma vez a cada quinze dias. Entre os filmes selecionados e exibididos pela Direção Maldita, só o fino caldo dos gêneros cinematográficos mais nobres concebidos pela mente humana: faroestes sanguinolentos, filmes trash, ficção científica, filme noir e comédias absurdas. E por aí, vai...


No próxmo domingo - 17/02 - a Sessão Maldita da Tapiocaria faz sua exibição inaugural com o cráááássico Evil Dead, dirigido por Sam Raimi (Darkman, trilogia do Homem Aranha). A cerveja está, desde já, no freezer esperando você e quem você quiser levar.
Apareçam!


Mais detalhes acesse: http://www.sessaomaldita.blogspot.com/

(Bolado em parceria com os chapas Tiago Lopes e Moisés "Lebowski")

11.2.08

Saraivada rasteira


Pequenas pílulas de informação - uma vaga idéia do que virá a seguir;

1) Ontem assisti finalmente o tão falado I'm Not There sobre as "muitas vidas" de Bob Dylan, dirigido por Todd Haynes. Alguns de vocês que estão lendo aí do outro lado me conhecem o suficiente para saber que eu sou um obcecado por Dylan. Bem, por enquanto, não vou falar o que achei do filme. Leiam tudo na próxima edição do Disruptores que, se tudo correr bem, entra no ar ainda essa semana.

2) Lembram dos tais "projetos" que mencionei no post anterior? Pois bem, aguardem mais detalhes em breve. Lá pra quarta-feira, pra ser mais exato.

3) Entrevistei semana passada José Marques de Melo, monolito vivo do jornalismo brasileiro. O homem esteve em Natal para divulgar detalhes do Intercom - o maior congresso de comunicação do país -, que rola em setembro, aqui na nossa calorenta cidade. A entrevista saiu no portal Nominuto.com. Pra ler tu clica aqui.

4) Pra deixar de ouvir marchinhas de frevo, acústico do Zeca Pagodinho e o maldito disco da Orquestra Imperial, acesse o blog do pessoal da comunidade do orkut I Hate Rock'n Roll. Dá pra baixar tosqueiras garageiras de ontem (Ten Years After, Sonics, Fuzztones) e de hoje (Guitar Wolf, Gore Gore Girls, Tokyo Sex Destruction). Interessou? Então, corra lá e começe a detonar teus tímpanos.

5) O verão está chegando (ou chegou?) ao fim e até agora ainda não temos "o" hit. Não? Você é que pensa. Curtam abaixo o clipe de "What is the Brother", do bardo paraibano Ednaldo Pereira. Essa é campeã.

[[[Te prepara para a noite do terror...!!!!]]]

Até.

7.2.08

Por um ano mais canalha...


Estão dizendo por aí que carnaval agora só no ano que vem. Mentira. Todo mês tem uma micareta numa esquina próxima a você pra infernizar sua vida e garantir o suado leitinho das Ivetes e Chicleteiros desse Brasilzão.

E já que agora é que o ano começa pra valer, vou aproveitar e esticar o feriado um pouquinho mais. Até porquê ando que nem ex-Big Brother quando vai dar aquela entrevista protocolar no Faustão: cheio de projetos (mais detalhes em breve). Então, para que esses tais planos diabólicos saiam do papel e tornem o ano de 2008 mais canalha, vou me abster de escrever algo novo hoje.
Mas, porém, contudo, todavia ENTRETANTO, já que o carnaval também é descolê, vale a pena ler de novo esse artigo sobre a Orquestra Imperial, publicado originalmente no Disruptores no longíquo julho de 2007. Quem já leu, lê de novo.

[[[ Vale a pena ler de novo]]]:

Orquestra Imperial inverte a piada na gafieira descolê
(Dirsuptores - 25/07/07)

Se João do Rio entrasse na recente onda dos escritos mediúnicos e resolvesse retornar para fazer uma edição expandida de seu Religiões do Rio, teria que incluir uma forma de culto religioso provavelmente pouco comum nos primeiros anos do século XX. É tendência do brasileiro, descobriria o dândi carioca, endeusar seus artistas favoritos, sobretudo na música.

De Chico Buarque a Renato Russo, de Humberto Gessinger a Los Hermanos - tudo que eles tocam, fazem ou falam vira oração a ser copiada no perfil do orkut e decorada para ser recitada com as mãos pra cima, em meio a outros fanáticos no culto ecumênico em que as apresentações ao vivo se transformaram. Com o súbito “recesso por tempo indeterminado” dos Loser Manos (o último grande culto musical dos anos 00), os fiéis do setor de Comunicação Social ficaram a ver navios. Sem desespero: a Orquestra Imperial e seu resgate aos bailes de gafieira de priscas eras chegou para apontar o caminho da salvação.

Antes de qualquer coisa, é preciso que fique claro que a Orquestra Imperial se aproxima como poucos do que seria o supra-sumo do descolê, a evocação máxima de um sujeito de vinte e poucos anos, sentado de pernas cruzadas em frente à janela, óculos de aro grosso, Portinari pendurado na parede, um cigarro numa piteira quilométrica e um livro do Jorge Mautner no colo. Ao fundo, toca Carnaval Só No Ano Que Vem, disco de estréia da banda. Aliás, banda não, que quem é chic não tem banda: tem projeto (NOTA do Ombudsman Canalha: A-rá!!!).

E a Orquestra é, portanto, o projeto de um punhado de músicos cariocas (entre eles, o ex -Hermano Rodrigo Amarante, o “bebê de Rosemary” Moreno Veloso e a atriz/cantora Thalma de Freitas) que se agregaram em meados de 2002 com o intuito reviver o espírito dos velhos e tradicionais bailes de carnaval do Rio de Janeiro.

Capa do CD Carnaval Só No Ano Que Vem da Orquestra ImperialJuntada a patota, saíram tocando o terror adoidado num repertório que tinha a moral de misturar bolerões cafonas, marchinhas clássicas e bizarrices como “Vem Fazer Glu-Glu”, de Sérgio Malandro, e “Iron Men”, do Black Sabbath (!). Isso, é preciso que se reconheça, é algo que tem seu charme: diversão levada a sério e ainda com um indefectível ranço de intelectualidade anárquica, pra combinar o terno com o all-star detonado. De lá pra cá, a bola de neve só foi crescendo e eis que cinco anos de atividade e alguns EPs depois, os quase vinte componentes da Orquestra entram em estúdio pra registrar um disco cheio, só com canções autorais.

Produzido pelos Timbalands brazucas, Bernna Ceppas e Kassin - também membros da Orquestra - e pelo tarimbado Mario Caldato (Beastie Boys), Carnaval Só No Ano Que Vem subverte a lógica inicial que deu origem à Orquestra Imperial: deixamos de lado a diversão e passamos a encarar como um trabalho sério e artisticamente relevante a piada que era tão bem contada. Afinal, é esse o caminho mais fácil pra chatice, que parece ser sempre o norte a ser seguido pelos envolvidos. Basta considerar o último disco do Los Hermanos, os discos produzidos por Kassin e Bernna, e o fato do filho de Caê tocar na banda e você vai ver que não é uma tese totalmente infundada.

Não que o disco seja abominável de ruim; na verdade nem é - acontece apenas que, em 90% do tempo, fica entre o mortalmente chato, o irritantemente insípido e o puro sem graça. Tanto que, ao final das onze faixas do disco, fica aquela inegável sensação de coletânea de loja de departamentos indie (vulgo brechó). Ok, vá lá, tem bons momentos: “O Mar e o Ar”, entoada por Amarante cai bem num fim de tarde numa casa de praia, e as divertidas “Ereção”, “Ela Rebola” e “Era Bom” descem bem que é uma beleza com uma cerveja gelada e um prato de bife acebolado.

Mas até chegar nas partes boas, ainda é preciso passar por coisas abusadas como “Rue de Mes Souvenirs” cantada em francês de biquinho por Thalma de Freitas, e a forçação máxima da vontade de soar vintage em “Supermercado do Amor”, com um suspeito toque de rockinho dos anos 60. Se era pra fazer um disco que traduzisse a energia e a refestelação dos shows, a Orquestra falhou. Constatar isso ouvindo o disco, é uma conclusão óbvia; apontar o que foi que deu errado já é mais complicado.

Talvez seja a falta de espontaneidade na execução das faixas que, mesmo quando pede a galhofa (como na já citada “Ereção”), não convence com seus arranjos milimetricamente asseados e interpretações exageradas. Há quem diga que seja a insistência em soar poético quando uma simples letrinha de dor de cotovelo faria melhor o serviço (”Adoro ornar o adro dela/ ode no altar de outro/ toda hora curtindo o andor”, diz a letra de “Jardim de Alah”). Por outro lado, talvez seja a duvidosa intenção de soar engraçadinho, com forte tendência para piadas infames (”A ereção não tem hora pra chegar/ com ou sem emoção, em festa ou particular”).

Bem, todas as alternativas anteriores estão corretas, eu diria. O maior problema de Carnaval Só No Ano Que Vem é justamente o exagero em suas intenções. Quer ser divertido demais, intelectual demais e acaba sendo despretensioso e natural de menos. Acaba soando falso e sem vontade. Claro, é bem produzido, polido e tocado com a competência de sempre. Mas até aí um recital de viola elétrica de John Cale também é, e quem, em sã consciência, consegue realmente gostar disso?

Óbvio que isso tudo não quer dizer nada. O Bolsão de Previsões para o segundo semestre de 2007 indica que a Orquestra Imperial deve seguir comandando sua gafieira classe média alta a preços nada populares e Carnaval Só No Ano Que Vem deve aparecer na lista de melhores do ano de um monte de gente dita “in”. E antes que você possa dizer “Marcelo Camelo”, uma Igreja Imperial estará operando a todo vapor, pertinho de você, com cultos de segunda à sexta, sábados, domingos e feriados. Aí, amigo, um abraço. Segura na mão de Chico e vai…


[[[ Uma pequena carta de recomendações]]]

Pra não dizer que não falei das flores, eis uma pequena bula pra você que não sabe bem como começar o ano.

[[Hit Parade Canalha:]]

Bolacha: Bitches Brew - Miles Davis
Película : Daunbailó - Jim Jarmusch
Páginas Amarelas: A Máquina Voadora - Braulio Tavares



[[[FELIZ ANO NOVO, BRASIL!]]]

3.2.08

Bloco do Eu Sozinho


Um troço legal que está rolando lá pelos lados do Sul são os shows da Invasão: One Man Band Tour. Que é isso? Bem, são nada menos do que um porrilhão de shows só com "bandas-de-um-cara-só" daqui e da gringa. No total serão 15 shows que vão passar por São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte, Sorocaba, Blumenau, Atibaia e Bragança, não necessariamente nesta ordem.

A jornada começou sexta-feira passada (1º), em São Paulo, quando se apresentaram as monobandas brazucas Chucobillyman e The Fabulous Go-Go Boy from Alabama e os italianos Mr. Occhio e Number 71.

Se você estiver em uma dessas cidades, dê uma chegada nos shows, que vale muito a pena.

O portal RockPress fez uma matéria sobre a turnê, incluindo as datas já confirmadas, um pequeno perfil de algumas das bandas e links pros respectivos myspaces.

Se você não quiser fazer o esforço de ir até a página da RockPress, vá direto no myspace da turnê clicando aqui.

1.2.08

Barulho bom é o do Nordeste


Cobrar autenticidade e coerência ideológica de uma banda de rock hoje em dia é esperar Dom João voltar da Argentina ou querer dar nó em pingo d’água. Na era do Deus-Google, onde a pose, o penteado e o número de visualizações no perfil são mais importantes do que um riff ou um bom refrão, o senso crítico vai pras cucuias, junto com a fé em um futuro longevo para a humanidade.

No que diz respeito às bandas que teimam em misturar “influências nordestinas” com róque, então, o negócio é mais grave. Quase beirando a hecatombe, eu diria, com resultados passíveis de excomunhão. O caso é que 90% das bandas que seguem essa – vá lá – estética não passam de um punhado de universitários bem alimentados que adoram expor suas “raízes” e bancar os esfomeados, alheios ao fato de que sempre estudaram em escola particular, moram em condomínios fechados e dirigem o carro do ano.

Triste fim. Antônio Conselheiro se revira na cova rasa.

Enquanto isso, os 10% restantes da estatística são preenchidos por uma única banda. Vinda da Paraíba, a Zefirina Bomba consegue unir os dois mundos de forma genialmente despretensiosa. I.e., ser uma banda de rock inegavelmente nordestina, sem – atenção – ser “do Nordeste”.

[[[This is hardcore]]]


Explica-se: “do Nordeste”, conotação assumidamente pejorativa, refere-se a todo aquele regionalismo forçado, que compõem os clichês e os estereótipos com os quais o pessoal lá de baixo identifica nós que estamos cá em cima; AO PASSO QUE, “nordestina” quer dizer tão somente algo que evidentemente vem do Nordeste e mantêm características suficientes para ser identificada como tal, mas nem por isso deixa de incluir outras linguagens.

Dito isso, chegamos a Noisecoregroovecocoenvenenado, disco de estréia da Zefirina Bomba. Eu sei, a bolacha saiu faz mais de ano, mas acontece que só agora eu pude finalmente botar as patas em cima para ouvir com mais cuidado. E lhes digo caros amigos: há tempos não ouvia um disco com tamanha obsessão como tenho ouvido o deles.

Em menos de meia hora, 15 faixas. Dessas, somente uma é dispensável – a enjoada “Oportunidade”, na qual se deixam cair nos clichês execrados acima e se metem a macaquear o diálogo de um bóia-fria com um “dotô”. Nada que um clique no botão >> do teu som não resolva.

Nas outras faixas, o côro come que se farta. Não mais do que três ou quatro acordes surrados num violão Del Vecchio distorcido são mais do que suficientes para lascar de banda letras que, salvo uma ou outra exceção, não precisam de mais de cinco versos para dar conta do recado.

É desse minimalismo urgente que a banda tira grande parte de sua força. Seja ampliando os ecos do Nirvana e dos anos grunge (“A-M-N”, “O Que Eu Não Fiz”), ou quando cai na porrada hardcore descerebrada (“Vá Se Foder”, “HC”) e ou na – veja só – surf music (“A Outra Trilha de Sumé”), a banda nunca perde a coerência, abrindo mão de firulas regionalistas.

Ok, você pergunta, e as tais características que identificam a banda com a região a qual pertence, cadê? Nas entrelinhas, filhinho, nas entrelinhas. Está tudo lá: na empostação vocal de Ilsom, que canta engolindo letras e emendando o fim de uma palavra no começo da outra (como se fala por aqui); nas construções melódicas que guardam tanta semelhança com o Mudhoney quanto com duelos de repentistas; nas letras, calcadas na oralidade e que abordam temas e termos facilmente identificados pelo ser URBANO que anda de bar em bar na orla de Cabedelo (ou Ponta Negra ou Iracema); e, vale citar mais uma vez, no timbre tosco e ardido da viola adulterada.

Tudo isso, vale lembrar, sob a batuta do rock garageiro, de power trio, gritado e tosco. Sem zabumbas por aqui.

Não me restam outros argumentos a não ser recomendar veementemente a audição desse disco. Compre, grave ou roube: Noisecoregroovecocoenvenenado é um dos melhores – quiçá, o melhor – disco oriundo da desova de primeira hora da grife independente apregoada pela MTV em tempos recentes. E a Zefirina Bomba é, desde já, uma das melhores bandas brasileiras em atividades.

E tenho dito.


Ouça Zefirina Bomba no MySpace da banda

E baixe todas as faixas do disco no TRAMA Virtual.



[[[ Mais de mil babacas no salão...]]]

Começa a contagem regressiva para o ano novo no Brasil. Depois do carnaval, todos os expedientes devem voltar ao normal, independente da ressaca dos funcionários.


Eu prometo que vou cair na cerveja. E não perco por nada a cobertura carnavalesca da Rede TV! com Léo Aquilla (foto abaixo, só pra chocar) conferindo in loco a Gala Gay e Monique Evans tocando o terror nos camarotes das celebridades globais - todos bêbados, diga-se. Mais assustador do que qualquer filme de terror lançado nos últimos vinte anos.

[[Não vô]]

Não me levem a mal, mas é que não me sai da cabeça uma cena que foi ao ar na cobertura do ano passado. Em plena avenida, Léo Aquilla aborda dois japas podre de bêbados e intima os caras a sambar. Diante da esperada inépcia dos dois, a criatura pergunta, à queima-roupa: "Are you gay?". Diante das negativas apressadas dos japas, Aquilla solta: "Então, pega a morena!" e empurra os caras pra cima de uma mulata estilo Globeleza que servia de "assistente de reportagem" durante a cobertura. Aproveitando o assombro de um dos nipônicos, impressionados com tanta carne a mostra, o "repórter" Léo Aquilla pula no colo do cara, que é obrigado a segurar aquela massa de côro, osso, plumas e paetês.

Se alguém achar esse vídeo no YouTube e passar o link, ganha um ingresso pro show de reunião do RPM.

[[[E segue o massacre...]]]

Ás vésperas de fechar o post, vejo no G1 o defunto da semana. Na madrugada dessa sexta-feira (1º) morreu Beto Carreiro, o John Wayne brasileiro - ou algo do tipo.

O placar até o momento: Véia da Capa Preta 2 x 0 Canalhismo Fantástico.