30.12.08

Pra fechar a tampa e passar a régua

No último post do ano, uma notícia que talvez faça de 2009 um ano melhor. Quem sabe nos livramos dessa fria.


[[Fox diz que vai tentar barrar lançamento de "Watchmen"]]

Advogado afirmou que pretende continuar briga com a Warner. Adaptação de HQ de Alan Moore deveria estrear em 6 de março.

Fonte: G1

Um advogado do 20th Century Fox afirmou que o estúdio irá continuar buscando uma ordem para atrasar o lançamento do filme "Watchmen", adaptação da HQ de Alan Moore que é uma das mais esperadas para 2009.

Na semana passada, o juiz Gary Feess concordou com a Fox que a Warner Bros. havia infringido seus direitos ao desenvolver e filmar o longa de super-heróis, programado para estrear em 6 de março.

Feess disse que planeja realizar um julgamento no dia 20 de janeiro para decidir as questões pendentes.

A Fox alega que nunca abriu mão completamente dos direitos sobre a história que conquistou em um acordo no final dos anos 80, por isso resolveu processar a Warner. Em fevereiro, a Warner defendeu que a Fox não teria direito a distribuir o filme.

Na última segunda, o advogado da Warner informou que não sabia se o estúdio apelaria da decisão. Segundo ele, um julgamento é necessário, mas um acordo seria improvável.

Tô fora.

21.12.08

A felicidade é uma arma quente

Lembra? –

Por volta das 7 da manhã. Segunda feira de sol morno, vento agradável correndo asfalto, nuvens simpáticas e corriqueiras. Banquinho daqueles de praça, pintado de branco descascado, numa quina mais tranqüila do pátio do colégio, eu sozinho sentado nele. É meu primeiro dia nesse lugar. Já não sou mais uma criançinha de jardim, é verdade, mas nada impede que eu me sinta desconfortável. Espero a campainha tocar. Não estou usando meias e sinto uma vontade tremenda de ir ao banheiro. Ah, sim... disso eu lembro muito bem...

Não só a música, mas toda arte de uma maneira geral tende a refletir o estado de espírito do artista. Músicos famosos por sua melancolia como Nick Drake, Jeff Buckley ou Eliott Smith (se ainda estivessem vivos) não surpreenderiam se em novos trabalhos apresentassem a habitual tristeza de um garoto solitário e sua guitarra. O mesmo pode ser dito de bandas como Television, Cowboy Junkies, Galaxie 500, Mogwai, Joy Division, Travis, Radiohead e boa parte da atual cena musical inglesa. O que surpreende mesmo é quando um nome do naipe do Supergrass diminui o volume das guitarras, põe as palminhas do refrão no bolso e entrega um disco tristonho e com a velocidade reduzida.

No ano em que mudei de colégio pela terceira e última vez, aconteceu de eu por as patas no primeiro disco do Supergrass, I Should Coco. Disco rápido, barulhento, feliz. A injeção de ânimo que eu precisava para suportar os primeiros meses num lugar novo com gente nova e desconhecida vinha principalmente dos acordes rápidos e sujos de “Caught By The Fuzz” e da alegria “somos jovens, tudo bem” do hit Alright”. Sobrevivi, e o Supergrass seguiu como uma das minhas bandas favoritas.

Naquele mesmo ano, a banda lançou Life On Other Planets, outra ode à felicidade e ao lado bom da vida, ao lado dos amigos camaradas, das noites em claro e do rock’n roll. Dessa vez era “Rush Hour Soul”, “Za”, “Grace”, “Never Done Nothing Like That Before”, “Seen The Light”… felicidade plugada em pedais fuzz e piano acelerado, correndo atrás de um vocal debochado, em volta de uma sala cheia de cinzeiros e latinhas de cerveja, espalhadas entre os cabos do equipamento. “I’m a rock’n roll singer in a rock’n roll band, thank you very much”, agradecia o vocalista e guitarrista Gaz Coombes, ao fim de uma das canções.

Road to Rouen, disco mais recente da banda frustra toda e qualquer expectativa de quem espera ir à mais uma festa hoje a noite. O clima agora é de ressaca, de dia seguinte que se estenderá por muitos outros dias ainda. “Hello my honey/ my beautiful friend/ It’s hard to imagine/ It’s come to an end...”, canta o mesmo Gaz Coombes na primeira estrofe de “Roxy”. Há quem diga que seja estafa criativa, há quem diga que seja maturidade. Se tratando do Supergrass, acredito que sejam as duas coisas. É, em parte, o cansaço de se chegar aos trinta anos compondo canções com três acordes e recheadas de “lalalás”. E desse cansaço é que vem a maturidade. E da maturidade um disco do quilate de Road to Rouen, um dos melhores do ano passado. Ainda estão lá alguns pontos altos de felicidade, como a faixa-título e a divertida “Coffee In A Pot”. Mas o tom aqui é realmente a chegada inevitável da vida adulta, as contas a pagar, a namorada que se transformou em esposa de uma hora para outra, os amigos ausentes e o nosso senso de humor, cada vez mais amargo. “We were younger/ Oh the way you turned my head...”, diz a letra de “Low C”.

Um disco que se distancia do passado, mas não o renega. Um dia precisaremos acordar, e aí, faremos discos como esse. A felicidade, já dizia o velho beatle, é uma arma quente... - lembra?

* Texto escrito e publicado nos idos de 2006. Direto do baú.

16.12.08

Chocolate Jesus

Don't go to church on Sunday
Don't get on my knees to pray
Don't memorize the books of the Bible
I got my own special way
But I know Jesus loves me
Maybe just a little bit more

I fall on my knees every Sunday
At Zerelda Lee's candy store

Well it's got to be a chocolate Jesus
Make me feel good inside
Got to be a chocolate Jesus
Keep me satisfied

Well I don't want no Anna Zabba
Don't want no Almond Joy
There ain't nothing better
Suitable for this boy
Well it's the only thing
That can pick me up
Better than a cup of gold
See only a chocolate Jesus
Can satisfy my soul

When the weather gets rough
And it's whiskey in the shade
It's best to wrap your savior
Up in cellophane
He flows like the big muddy
But that's ok
Pour him over ice cream
For a nice parfait

Well it's got to be a chocolate Jesus
Good enough for me
Got to be a chocolate Jesus
Good enough for me

Well its got to be a chocolate Jesus
Make me feel good inside
Got to be a chocolate Jesus
Keep me satisfied



(Tom Waits, in Mule Variatons, 1999, ANTI-)

Na sequência, vídeo de uma perfomance sui generis de "Chocolate Jesus", no programa de David Letterman, seguido por uma entrevista.



14.12.08

Alegrias de verão

O canal oficial do selo Rought Trade já soltou os primeiros vídeos oficialis do Little Joy, a banda de Rodrigo Amarante (ex-Los Hermanos), Fabrizio Moretti (Strokes) e Binki Shapiro, (ex-anônima) que vai mudar o seu verão. E pra melhor, que fique bem claro.

Eis abaixo o filmete de "No One's Better Sake", com a assustadora participação do maldito hippie sujo Devendra Banhart. Na sequência, um vídeo, também produzido pela gravadora, de uma sessão de sofá com "Next Time Around", dirigido por um certo Thunderbird. Seria o ex-VJ da MTV e melhor amigo de Júpiter Maçã? Só o tempo dirá. Enquanto isso, continuamos na torcida para a confirmação das datas dos shows da banda em Recife.

[[Little Joy - "No One's Better Sake"]]



[[Little Joy - "Next Time Around"]]

8.12.08

Happiness in magazines

Em plena segunda-feira, adentrei em um daqueles sebos da Ulisses Caldas e me pus a fuçar uma pilha de revistas velhas. Fuçar qualquer coisa em sebos é, na sincera minha opinião, um hábito tão necessário ao desenvolvimento humano quanto comer feijão no almoço. O problema é que a prática repetida desse ato tão simples pode acabar se revertendo em sérios prejuízos ao seu bolso (falo por experiência própria).

Dessa vez não foi o caso. Na pilha jogada num canto de parede do sebo, entre revistas de surf e fascículos de cursos práticos de inglês, encontrei quatro exemplares da finada, saudosa e, ao menos pra mim, fundamental revista Bizz. Para os incautos que não admitem qualquer justificativa para uma frase tão cafona quanto a anterior, eis uma informação confidencial que eu reservava para um futuro volume de memórias: meu presente de aniversário de 11 anos foi uma assinatura da Bizz. O primeiro número que recebi, lembro até hoje, tinha na capa meio esverdeada os irmãos Gallagher, então na moda mas já entrando no pós-hype do Oasis. Daí pra frente, a revista passou a ser a minha principal fonte de informação musical, e influência decisiva na minha maneira de encarar e escrever sobre música alguns anos mais pra frente.

Acompanhei a revista de 1997 até a primeira morte, em 2001, passando por mudanças de nome (de Bizz pra Showbizz e depois, pra Bizz outra vez) e formatos. Quando ressuscitaram a coitada, em 2005, segui em coleção conjunta com o também órfão Tiago Lopes, até a segunda e, ao que parece, definitiva morte no início de 2007.

Os exemplares adquiridos pela soma total de 4 pilas ainda que de capas não tão convidativas (Bruce Dickinson, Dexter Holland, do Offspring, Dinho Ouro Preto e, fechando o quarteto, Roger do Ultraje a Rigor nu em pêlo e recém-saído da capa da G Magazine), escondiam um conteúdo da porra. Textos que, na medida em que fui folheando as páginas, já sentado dentro do ônibus, fui reconhecendo dos tempos em que era leitor assíduo da revista.

Foi como um daqueles filmes B em que um sujeito viaja no tempo e, ao dar de cara com um de seus antepassados, percebe no coroa as características seminais que o definem no presente. Nas páginas das revistas saídas do sebo estão lá todas as figuras que hoje habitam de forma quase obsessiva a minha estante de discos e o meu aparelho de som. Pavement, Yo La Tengo, Neil Young, Stooges, Nação Zumbi, Mogwai, Mutantes,Violent Femmes. Todos assinaram a lista de presença.

Ao invés de aparecerem em notinhas sociais disfarçadas de matérias, os senhores do parágrafo acima eram personagens de textos escritos por quem entendia de música e escrevia com a preocupação de despertar alguma opinião no leitor. E com grandes piadas no meio, claro.

Vejamos: alguém pode botar preço num texto em que Luis Antônio Giron elogia Paulo Miklos chamando o titã de “bulbassauro do rock”? E uma cobertura do Abril pro Rock de 99, em que tocaram Nação Zumbi, Mestre Ambrósio e nomes esquecidos ou obliterados como Via Sat e Sheik Tosado? Ou numa entrevista de duas páginas, mais uma discografia comentada de Frank Black? Ou que tal uma matéria com clima de teoria da conspiração, que define o então pouco conhecido Belle & Sebastian como “uma misteriosa banda escocesa cujos integrantes se recusam a tirar fotografias ou dar entrevistas”? Chamem o Mastercard, porque essa porra simplesmente não tem preço.

Dos quatro exemplares adquiridos, aquele que mais me empolgou foi o número 188, de março de 2001, estampado com o abominável frontman do Capital Inicial. Apesar de representar a fase terminal que levou ao primeiro cancelamento da Bizz, é a minha encarnação favorita da revista. Na época, a linha editorial assumiu um ar mais “alternativo” que, aliado ao Lado B da MTV e a um troço chamado Napster contribuíram para que eu tivesse pouco assunto com os colegas da escola, ainda que as seqüelas no meu gosto musical tenham sido perenes.

Porra, onde vou encontrar por aqui uma revista que se dê ao luxo de estampar na quarta capa um anúncio de página inteira sobre o disco solo de Stephen Malkmus com os dizeres “Em frente, estrada sem asfalto”? Não vou, simplesmente. Os tempos são outros.

De toda forma, batidas em sebos me parecem mais saudáveis do que gastar dinheiro em revistas de fofoca camufladas. Aos sebos e avante.

7.12.08

Bufallo Bill está morto...

...E quem ainda não viu o fantasma, vê aqui no clipe novo d' Os Bonnies pra uma das melhores faixas do disco novo dos caras.

4.12.08

Jesus Cristo Superstar



"[...] a Igreja junto com a imagem de Cristo e dos cultos são um tanto engraçados se você pensar um pouco sobre eles, já que na missa o padre bebe o sangue de Cristo, com a hóstia divide o corpo de Cristo e no final todo mundo adora um cara que ressuscitou. Quer dizer, são linguagens figuradas que eu posso interpretar como vampirismo, canibalismo. E adoramos um morto vivo, um zumbi. [...]"

De Vlad, vocalista do Sick Sick Sinners, explicando de onde vem a inspiração para as letras da banda, em entrevista ao site O Inimigo. Leia.